As emendas parlamentares deveriam promover o desenvolvimento regional e corrigir desigualdades sociais. No entanto, quando mal utilizadas, se tornam ferramentas de manipulação política e de perpetuação de poder.

Em 2024, o cenário político brasileiro tem sido marcado por discursos acalorados de solidariedade. No entanto, essas palavras de apoio mascaram a falta de ação concreta e eficaz na responsabilização das autoridades envolvidas em tragédias. A recente queda da ponte Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga o Tocantins ao Maranhão, é um exemplo claro desse descaso. Em qualquer lugar sério do planeta, falhas de gestão resultariam em consequências severas. Mas no Brasil, a realidade parece ser outra.

A gestão pública, que deveria primar pela eficiência e transparência, se vê envolta em um ciclo vicioso de impunidade e desvios de recursos. Neste ano, mais de cinquenta bilhões de reais foram destinados a emendas parlamentares. Essa quantia poderia transformar a realidade de inúmeras comunidades. Contudo, a destinação desses recursos muitas vezes não atende às necessidades mais urgentes da população.

Os políticos alegam falta de dinheiro para a manutenção de infraestruturas críticas, como a ponte Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. No entanto, após a tragédia, encontram recursos para construir uma nova ponte. Em vez de promoverem manutenção preventiva, esperam que tragédias aconteçam para tomarem decisões.

A falta de responsabilização criminal das autoridades é um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade brasileira. Quando os gestores públicos falham em suas funções, a punição deveria ser certa e exemplar. No entanto, o que se vê são manobras políticas para proteger os culpados. Discursos vazios de solidariedade e uma contínua omissão diante das verdadeiras necessidades da população. Essa situação perpetua a dor e o sofrimento das famílias afetadas pela queda da ponte. Também mina a confiança da população nas instituições públicas.

A cada novo escândalo, a sensação de impunidade cresce, e a esperança de um futuro melhor se esvai um pouco mais. É preciso um movimento robusto da sociedade civil para exigir transparência, justiça e uma gestão pública comprometida com o bem-estar coletivo. As emendas parlamentares deveriam ser instrumentos para a promoção do desenvolvimento regional e a correção de desigualdades sociais. No entanto, quando mal utilizadas, se tornam ferramentas de manipulação política e de perpetuação de poder.

É imperativo que haja uma fiscalização rigorosa sobre a aplicação desses recursos. E uma responsabilização severa dos gestores que desviam sua finalidade. A dor das famílias não pode ser apagada por shows e eventos. A verdadeira solidariedade se manifesta na busca incessante por justiça. Na promoção de políticas públicas eficazes e na responsabilização daqueles que falham em suas obrigações.

Só assim poderemos construir um país mais justo e igualitário. Onde a dor de uns não seja apenas um espetáculo para outros. Em 2024, que o legado de discursos vazios dê lugar a ações concretas. Que as autoridades sejam responsabilizadas por seus atos. E que as emendas parlamentares sejam verdadeiramente utilizadas para o bem-estar da população. Somente assim, poderemos honrar a solidariedade que tanto pregamos e construir um futuro melhor para todos os brasileiros.

Conclusão: O fechamento de 2024 nos deixa um desafio e uma reflexão. A hipocrisia dos discursos de solidariedade deve ser combatida com ações reais e efetivas. As emendas parlamentares precisam ser transparentes e voltadas para as reais necessidades do povo. Que possamos entrar em 2025 com um compromisso renovado com a justiça, a verdade e a responsabilidade pública.

Perques Leonel